Olá, companheiro de estrada! Aqui é o Jornal MotoNews na área!
Que
satisfação imensa poder mergulhar na história de uma verdadeira lenda sobre
duas rodas! Eis aqui um material riquíssimo, um verdadeiro almanaque da
motocicleta que mudou o jogo para sempre. Estamos falando, é claro, da Honda
CB 750 Four, a inconfundível e apaixonante "Sete Galo" – e
não se preocupe, a gente usa o apelido, mesmo que não seja o mais
"oficial", porque ele carrega a alma dessa máquina no Brasil!
A
Honda CB 750 Four Veio para Fazer História
Tecnologia
das Pistas para a Rua
O que
fazia a Sete Galo tão revolucionária? A Honda despejou nela o know-how
(conhecimento técnico) adquirido em anos de vitórias nas competições de Motovelocidade
e, pasmem, na Fórmula 1! O motor, um quatro cilindros em linha, refrigerado
a ar, com 736 cc e comando simples no cabeçote (SOHC), entregava 67
cavalos de potência. Para a época, isso era uma cavalaria impressionante,
capaz de levar a moto a uma velocidade máxima na casa dos 200 km/h –
números que só as máquinas mais exclusivas conseguiam, e a um custo muito
maior!
Mas
não era só a força do motor que impressionava. A CB 750 Four trouxe para um
modelo de produção em série uma série de requintes técnicos inéditos, ou que
nunca tinham sido reunidos em uma só moto, como:
1. Freio
a disco dianteiro: Uma inovação crucial para domar a potência,
garantindo segurança e performance no asfalto.
2. Partida
elétrica: Esqueça o pedal! Um toque no botão e o quatro-em-linha
ganhava vida. Um luxo de praticidade.
3. Câmbio
de cinco marchas: Preciso e confiável, extraindo o melhor
daquele motor.
O
design era a moldura perfeita para essa obra de arte mecânica. A suavidade das
linhas do tanque contrastava com a imponente visão do motor tetracilíndrico e o
inconfundível conjunto dos quatro tubos de escapamento cromados, um para
cada cilindro – um show visual e sonoro! A prestigiada revista Cycle World
a definiu com justiça como "a mais sofisticada motocicleta de produção em
série jamais feita."
O
Sucesso Inesperado e o Santo Graal dos Colecionadores
A
Honda, liderada pelo visionário Soichiro Honda, que acreditava em
"vencer no domingo para vender na segunda", estimou mal o potencial
de sucesso da moto. O preço inicial de apenas US$ 1.295 no mercado americano
era irrisório para o que ela oferecia, gerando uma demanda dez vezes maior
do que a capacidade de produção inicial. Isso fez com que o preço logo subisse
e, claro, deu origem ao fenômeno do ágio (preço extra acima do valor de tabela)
nas concessionárias.
É
nesse ponto que surgem as famosas "Sandcast". Devido à pressa
em atender a demanda, o primeiro lote de motores (cerca de 7.414 unidades) teve
partes do cárter e cabeçotes fundidas em um método de baixa pressão, que
deixava um acabamento rugoso, similar à fundição em molde de areia (sandcast).
Logo, a Honda investiu no método diecasting (fundição sob alta
pressão), mais caro e de qualidade superior, para a produção em volume.
Curiosamente,
é justamente essa "imperfeição" da pressa que as torna o Santo
Graal dos colecionadores:
- Raridade Relativa:
São apenas cerca de 1% do total de quase 500 mil CB 750 Four produzidas,
um número que não é pequeno, mas extremamente procurado.
- A Prata da Casa:
Acima delas, em termos de valor e raridade, só estão os protótipos
(ou pré-série) montados artesanalmente, como as quatro unidades enviadas
para os EUA e Europa no início de 1969.
A Sete
Galo no Brasil e a Cultura da Customização
A CB 750 Four começou a chegar por aqui já em setembro de 1969, na sua
primeira versão de série, a K0.O que
aconteceu com a Sete Galo por aqui é um capítulo à parte, que reflete a alma do
motociclista brasileiro da época. A máquina era tão icônica que se tornou um alvo
de customização – um termo que nem existia formalmente, mas a prática era
intensa. Modificar a moto era o padrão, o que a tornava "bacana",
enquanto a original era considerada "careta". A receita básica
era:
- Troca do escapamento original quatro-em-quatro
pelo famoso quatro-em-um, para um ronco ainda mais
"grosso" e inconfundível.
- Substituição do guidão original por um do
tipo "Tomaselli", mais baixo e esportivo.
- Troca das rodas raiadas pelas de liga
leve.
- Adição de um segundo disco de freio
na dianteira.
Hoje,
a história se inverteu, e a moto que vale mais é justamente a "careta":
a unidade mais conservada ou restaurada com peças 100% originais. Encontrar uma
100% original não restaurada no Brasil é raríssimo devido ao hábito da
customização. Os valores de uma Sete Galo bem restaurada por aqui chegam a R$
100 mil, mas para os verdadeiros entusiastas, é um valor justo pela "moto
do século"!
O
Legado Contínuo: Da K0 à Bol D'Or
A saga
da Sete Galo, identificada pelo código "K" (de K0 a K8, de
1969 a 1978), estabeleceu a arquitetura da moto de alta cilindrada que vigora
até hoje.
Paralelamente,
a Honda continuou a inovar. Tivemos a:
- Série F (Super Sport):
A partir de 1975, adotando um estilo mais esportivo com tanque alongado,
rabeta e escapamento quatro-em-um de fábrica (como se os
customizadores tivessem "dado a dica" para a Honda!).
- Série A (Hondamatic):
Uma bizarra e curta experiência de 1976 a 1978, com câmbio
semiautomático de duas marchas e conversor de torque. Era preciso cambiar
manualmente entre "Low" e "Drive", mas sem usar
embreagem – um Fusca semiautomático sobre duas rodas, que não vingou.
- Bol D'Or (e KZ):
A partir de 1979, a família evoluiu com um motor levemente maior e um cabeçote
DOHC (duplo comando de válvulas) com quatro válvulas por cilindro, elevando
o patamar de performance novamente, com a Bol D'Or sendo
considerada uma das mais belas dessa fase.
A Honda
CB 750 Four é, e sempre será, um ícone inigualável. Uma moto que não só
quebrou recordes, mas reescreveu o manual do que uma motocicleta de alta
cilindrada de produção em série deveria ser. Não é exagero dizer que ela é a mãe
de todas as superbikes.
E aí,
companheiro? Deu para sentir o cheiro da gasolina e o ronco dos
quatro-cilindros? Qual é a sua versão preferida da Sete Galo? Manda a real!
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