MOTOS VOADORAS: VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA O FUTURO?

Salve, irmãos motors!!! Tudo bem com todos vocês?

Este artigo prevê o futuro, que já está acontecendo, por incrível que pareça: Motos voadoras. E você, está preparado para este futuro?

A conquista das alturas

Há mais de um século, um renomado aeronauta, esportista e inventor brasileiro construiu e voou com o primeiro balão dirigível movido a gasolina do mundo, batizado como Nº 6. E fez sucesso! Seis anos depois, o mesmo homem dava uma demonstração de que o futuro estaria no ar: ele apresentava seu Oiseau de Proie (ou Ave de Rapina), mais conhecido como 14-Bis, a um público fervoroso em Paris, França1. O homem em questão nem precisa ser apresentado, não é? Trata-se de Santos Dumont que, para nós brasileiros e também para os europeus, foi o inventor do avião. Os norte-americanos, claro, não aceitam tal afirmativa, pois, para os mesmos, os inventores do avião foram os irmãos Wright. Mas, não cabe a mim, aqui, entrar nessa discussão. Se quiser saber mais sobre esse assunto, recomendo consultar outras fontes a respeito. 

Fig. 1. Nº 6, o primeiro balão dirigível do mundo, criado pelo
brasileiro Alberto Santos Dumont.

Fig. 2. Nesta fotografia de 1906, o famoso 14-Bis, o primeiro aeroplano que
realmente voou, nos testes em Paris.

O fato é que, após o bem sucedido voo de Dumont, o mundo já não seria mais o mesmo. O avanço da aeronáutica chegou a um ponto onde, hoje em dia, é possível cruzar todo o globo terrestre em questão de horas, e com muita segurança, usando-se aviões. E aviões muito, mas muito maiores que o 14-Bis. A isso, indiscutivelmente (sorry, americans!) devemos ao brasileiro Santos Dumont.

Dos Aviões aos Drones

Mesmo puxando sardinha para Dumont, haviam outros inventores extremamente loucos por saírem do chão e conquistarem o ar. Tanto que, em 1907, portanto, um ano após o primeiro voo do 14-Bis, os irmãos franceses Bréguet e Paul Cornu apresentavam seu protótipo de aeronave com hélices horizontais à Academia de Ciências da França, mas seu voo foi de apenas 20 segundos e somente a 50 centímetros do chão2. Mas, não passava disso. 

Fig. 3. Projeto dos irmãos Cornu. Sem sucesso.

Fig. 4. Paul Cornu em sua "flying bycicle"

Fig. 5. Motor Wankel, ou Rotor
Já no ano seguinte, 1908, viria a invenção que mudaria os rumos desta aeronave de decolagem vertical: o motor rotativo. Este motor conta com rotor, ao invés de pistões e bielas, tem dimensões menores que os motores convencionais e é capaz de gerar mais potência que estes. A "peça" foi inventada por Emil Berliner, porém, sem qualquer sucesso prático, naquela época. A não ser, claro, seu proveito por parte de outros inventores, que tentavam sucessivas vezes torná-lo realmente funcional, o que veio acontecer somente em 1938, quando o alemão Anton Flettner3, já munido com os rotores Wankel, desenvolveu e pôs para voar o FL-265. Em tempo: Felix H. Wankel4 (1902-1988), foi um engenheiro alemão que conseguiu, finalmente, dar vida útil aos rotores - tanto que, hoje em dia, os rotores também são conhecidos por "motores wankel". Wankel criou seu rotor em 1924, patenteando-o 9 anos depois. A partir disso, os helicópteros foram ganhando espaço aéreo, até chegarem ao que vemos hoje: helicópteros enormes, como também, pequenas aeronaves não tripuladas, ou VANTs (ou drones). 

 Antes que eu me esqueça, uma curiosidade: você sabia que os  helicópteros têm origem da ideia do giroscópio, um projeto de 1480 e  que foi idealizado por ninguém mais, ninguém menos que Leonardo  DaVinci? Pois é, o cara era fodão demais!!!

Fig. 6. Quase 600 anos nos separam da ideia de DaVinci
e as moto-voadoras.

Tudo bem, mas o que tudo isso tem a ver como motociclismo, pô?  Afinal, esse é um blog sobre motos e não sobre aviões e helicópteros.  Por favor, recorra novamente ao título desta postagem, sim? [rsrsrs] Chegaremos lá.

Dos Drones às Motos Voadoras (ou Aircraft Hovers)

Os VANTs (Veículos Aéreos Não-Tripulados), carinhosamente conhecidos por Drones (Zangões, em português), são hoje uma realidade que, há pouco mais de uma década era só imaginação de muita gente. Pequenas aeronaves capazes de não só voar controladamente por meio de um controle remoto, como também de filmar e fotografar com imagens em alta definição, bem como servir de armas letais de uso militar (infelizmente, caiu nisso também, como os aviões5 e os próprios helicópteros).

Fig. 7. Os drones são hoje uma realidade para uso
profissional e também de lazer.

Fig. 8. Modelo de Hovercraft
Como já haviam os hovercrafts, aqueles veículos aquáticos que, ao invés de serem impulsionados por uma ou mais hélices posicionadas abaixo da linha d'água, as mesmas são instaladas na popa do barco (que mais é um tipo de bote grande do que um barco), que o fazem avançar pela superfície (especialmente, em regiões pantanosas e locais onde um motor de barco convencional não passaria), ao que tudo indica, também colaboraram para esta invenção da qual estamos lidando neste artigo. Se você prestar bem atenção, tanto carros quanto motos voadoras parecem ter procedência forte do "casamento" entre drones e hovercrafts.



Mas, vamos falar sobre as motos, sem mais delongas.

Os Modelos Atuais

Já chegando aos atuais modelos de motos-voadoras, já chamadas na Europa de hover-bikes, são veículos capazes de transportar (por enquanto) uma só pessoa, que é o piloto, e que podem ser controladas também por controle remoto (dependendo da marca e modelo), sem piloto algum em seu assento.

Algumas start-ups e empresas pouco conhecidas pelo público em geral, deram seus primeiros passos na produção e comercialização desse tipo de veículo. Alguns, inclusive, já estão disponíveis para compra - mas, se estiver interessado, espero que seja rico (ou doido) o bastante para poder ter o seu. 

Vamos conhecer algumas dessas maravilhas modernas.

HOVERSURF SCORPION 3

A Hoversurf, sitiada em Moscou (RU) e comandada pelo jovem empreendedor Alex Atamanov, é uma das empresas mais bem vistas em matéria de motos-voadoras, ou hoverbikes, como as chamam6.

Seu foco primário foi o transporte de passageiros, como o serviço de táxi aéreo por drone, mas a ideia foi além. Entre drones menores e veículos aéreos tripulados, com capacidade para duas ou mais pessoas, esta empresa apresentou a "moto-voadora" Hoversurf Scorpion 3 (ou S3) a uma galera bem abastada na MAKS21, a maior e mais famosa feira de aeronaves da Rússia. E já tem potenciais compradores na fila, entre eles, pobretões de Dubai. Inclusive, já foi testado pela polícia daquele emirado e, acredito que em pouco tempo estará ajudando a combater o crime e/ou controlar o trânsito naquela "modesta cidadezinha" [rsrs]. 

Fig. 9. Hoverbike S3 demonstrada na MAKS21, em Moscou.

Fig. 10. Hélices propulsoras da
Hoverbike
Sua "fuselagem" é de fibra de carbono. Com capacidade para uma só pessoa, o piloto, a S3 é na verdade um quadricóptero alimentado por baterias, que ainda se limita a altitude de no máximo 15 pés (ou 4,6 m), velocidade de até 69 km/h (46 mph) e tempo de voo entre 15 e 40 minutos, dependendo do peso do 
piloto ou carga que leva consigo (desconsiderando seu próprio peso, que é de 114 kg). Segundo a empresa fabricante, se não for utilizado o software limitador de altitude, a S3 pode alcançar até 305 m de altitude (ou 1.000 pés). Seu alcance é de 13 milhas, ou 21 km. A decolagem pode ser feita com o peso extra de até 104 kg, ou seja, para aqueles que passam desse peso, é melhor esquecer. Porém, a velocidade ainda é limitada, de qualquer forma7.

E se caso uma das hélices parar de funcionar em pleno voo? Conforme diz a própria Hoversurf, o sistema de segurança da hoverbike entra em ação automaticamente, no qual as outras hélices fornecem sustentação e a moto pousa automaticamente, sem a interferência humana.

No facebook oficial da empresa, a legenda de uma das fotos é (traduzida): "Todo mundo que uma moto voadora. Mas nem todos se atrevem a perseguir seus sonhos." E você, se atreveria?

Figs. 11 a 13. Hoverbike em ação.



Fig. 14. No lugar de guidão, duas manetes equipadas
com botões permitem pilotar a Scorpion 3

JETPACK SPEEDER

A Jetpack Aviation é uma empresa sitiada em Los Angeles, CA, nos EUA. Já é conhecida por (ainda) um seleto público, devido a produção e comercialização do Jetpack, um aparelho que, colocado nas costas tal qual uma mochila de paraquedas, leva a pessoa para os ares, literalmente. 

Fig. 15. O Jetpack pessoal tornou a empresa
mundialmente conhecida.

Atualmente em produção, a Speeder é considerada a primeira motocicleta voadora com propulsão a jato do mundo8. Mesmo assim, o site oficial já disponibiliza a pré-venda desta moto a jato.

Disponível em três versões - recreativa, comercial e militar -, a Speeder é impulsionada por turbinas a jato e integralmente estabilizada pelo sistema VTOL (Vertical Take off and Landing) e considerada pela empresa "a melhor aeronave pessoal já construída". E, por ser completamente estável, a empresa completa que "(...) significa que ela requer o mínimo de treinamento para ser pilotada". Sei não, hein... [rsrs]



Fig. 16 e 17. Visual altamente futurista, a Jetpack parece ter saído
da animação dos Jetsons.


De acordo com a fabricante, a Speeder por atingir uma velocidade de cerca de 150 mph (240 km/h) e voar a uma altitude de até 15 mil pés (ou 4.572 m)!! "Mas, não esperamos que muitos de nossos clientes precisem disso tudo", diz o site da empresa.

A versão recreativa deve ser dividida em dois modelos: UVS (Ultralight Version), que não requer licença específica de pilotagem, limitada a 5 galões (18,9 lts) de combustível e velocidade máxima de 60 mph (96,5 km/h). Já o modelo EVS (Experimental Version) "exigirá licença de piloto para voar e não terá restrições de combustível ou velocidade", segundo a fabricante, em seu site. O peso (seco) desta gracinha de 308 mil dólares é de 104 kg e pode carregar um piloto de até 110 kg (em torno disso).

A versão comercial, que pode ser convertida para uso militar, terá a missão principal de "salvar vidas", de acordo com a Jetpack Aviation. Esta versão pode ser pilotada ou operada remotamente, devendo ser utilizada em missões de procura e resgate, como também no transporte de cargas, cujo peso máximo não é informado no site, assim como seu preço.

Fig. 18. A Speeder em suas versões Militar (esq) e Comercial (dir).

Ambas as versões possuem autonomia para 20 a 30 minutos de voo, dependendo do peso que elas carregam consigo durante o voo. Em um voo não tripulado, evidentemente, o tempo e a distância percorridas são maiores.

LAZARETH LMV 496

Com certeza, assim como para mim, veio o nome de uma banda de rock dos anos 70 em sua mente, agora, confessa. [rsrs] Uma ótima banda de rock, diga-se de passagem, a qual ouço desde garoto, lá no interior, onde eu nasci.

Lazareth, entretanto, é o nome da empresa francesa sitiada em Annecy-le-Vieux, que leva o sobrenome de seu CEO, Ludovic Lazareth. 

A empresa é especializada em produzir veículos (para lá de) especiais, incluindo bikes, trikes (triciclos), motos, o exclusivíssimo Wazuma e pequenos carros (incluindo o Amphibie, que mais se parece uma miniatura de um Jeep '68, que pode ser usado em terra ou na água). São especialistas também em dotar modelos da Yamaha, por exemplo, de características exclusivas.

Fig. 19. Wazuma - seis rodas (3x2), não voa, mas possui alta tecnologia e valor altíssimo para nós,
pobres mortais: 200.000 €

Na Europa, especialmente na França, é comum ver nas ruas uma de suas criações, que a tornou mundialmente conhecida, que é o modelo LM 847, uma moto de quatro rodas, justapostas em dois conjuntos - um dianteiro e outro traseiro.

Fig. 20. Lazareth LM 847, a "mãe" que deu origem ao visual e outros detalhes na LMV 496

Mas, neste artigo, quero que você conheça o modelo que, em breve, estará disponível comercialmente (se é que, a esta altura já não esteja) para o mundo todo: LMV 496, sua moto voadora. 

Inspirada no visual da LM 847, esta motocicleta tem características de uma verdadeira muscle-motorbike, pelo tamanho e visual agressivo que ela possui. Apesar de serem parecidas (nas laterais e nas rodas de fibra de carbono), as diferenças entre ela e sua "mãe" começam a partir da motorização: a LMV 496 possui um motorzão de 1300 cv movido a querosene de avião, que gera 285 kgfm, porém, pode-se dizer que, infelizmente, ela possui autonomia para apenas 10 minutos de voo. Na terra (sim, ela é conversível), evidentemente, tem autonomia maior, mas não é informada pelo fabricante e, seu site9.

Fig. 21. Criatura e criador: a LMV 496 ao lado de Ludovic Lazareth

Sua posição de pilotagem e a direção leve proporcionam uma grande aderência e, juntando-se isso à suspensão desenvolvida pela TFX Suspension Technology, a deixa uma moto de grande estabilidade nas curvas. Sem falar, claro, no conjunto de quatro rodas (2x2). Seu sistema de frenagem é um dos pontos fortes, sistema este desenvolvido pela própria Lazareth e aplicado a todos os seus veículos.

Além das informações padrões em motocicletas de alta tecnologia, o painel de instrumentos da LMV 496 fornece dados de voo ao piloto, como: velocidade de cruzeiro, altitude, potência atual das turbinas, entre outras informações.

Fig. 22. A LMV 489 tem visual muito parecido com o da LM 847, inclusive, e principalmente, nos dois conjuntos
de duas rodas cada.

E, afinal, como ela voa, sendo que ela serve tanto para a terra como para o ar? Teoricamente, o conceito é simples: no pressionar de um botão (com ela parada e com os "tripés" acionados), cada uma de suas rodas muda da posição vertical para a horizontal, evidenciando suas quatro turbinas, uma em cada roda, que dão a ela a propulsão necessária para o voo. Logicamente, há muito mais detalhes em torno disso, mas não tenho essa informação extra.

Fig. 23. Para voar, as rodas são suspensas e postas na horizontal, e cada uma dispõe uma turbina, a qual sustentará a moto no ar.

A maior parte do material do "corpo" da LMV é feito em Carbono Kevlar - leve e altamente resistente. 

Para quem quiser adquirir uma destas, primeiro: deve morar na Europa, pois no Brasil (hehe) não há lei que permita utilizarmos, ainda, esse tipo de veículo. Ela é produzida e homologada conforme a legislação francesa e, além do mais, tem edição limitada: apenas 5 modelos são produzidas e, assim mesmo, sob encomenda. 

Fig. 24. Note os tripés acionados, para que as rodas sejam suspensas e as turbinas possam entrar em ação.

E então, qual dessas você escolheria pra chamar de sua? Deixe aí nos comentários.

É, galera, o mundo mudou muito e, de agora em diante, mudanças mais radicais serão vistas, especialmente, no que tange a veículos e tecnologia. Não só em motos, como também em diversos outros tipos de transportes, como temos acompanhado nas notícias do mundo inteiro. Quando adolescente, lá pelos anos 80, já se falavam em "carros voadores", mas a única forma de tirarmos alguma ideia disso era assistindo ao Jetsons. Não pensávamos em motos voadoras, como estas que acabamos de ler a respeito, pois parecia ser uma ideia fora de contexto. Mas, a tecnologia parece estar nos mostrando que teremos muita coisa "doida" pela frente. Quem viver, verá. Motoabraço!





Fontes:
1. Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Santos_Dumont - acessado em 11/08/2021)
2. Site Adslatin (https://adslatin.com/quem-inventou-o-helicoptero/ - acessado em 11/08/2021)
3. Idem.
4. Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_Wankel e https://pt.wikipedia.org/wiki/Felix_Wankel - acessados em 11/08/2021)
5. Há relatos que Santos Dumont não teria ficado feliz com sua invenção que, em pouco tempo, acabaria se tornando também uma arma de guerra. Dumont faleceu em Julho de 1932, vítima de uma gravata: sim, ele teria se enforcado com sua própria gravata num quarto do Grand Hotel La Plage, em Guarujá. Há controvérsias a respeito disso, também. Mais informações, consultar a Wikipedia ou outros documentos a respeito.
6. http://www.hoversurf.com
7. Evtol (https://evtol.news/hoversurf-scorpion/ - acesso em 11/08/2021)
8. JetPack Aviation (http://www.jetpackaviation.com - acesso em 11/08/2021)
9. Lazareth Auto Moto (http://www.lazareth.fr)
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Fontes secundárias de algumas imagens: 
http://www.museuvirtualsantosdumont.com.br/n-6.html
http://gyroscope.nl/html/background.html

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