segunda-feira, 21 de julho de 2025

As Tecnologias Embarcadas nas Novas Motocicletas

 Alguns modelos só faltam andar sozinhos


Salve, Motors!

Para nós, apaixonados por duas rodas, a evolução das motocicletas tem sido um espetáculo à parte! O que antes parecia coisa de filme de ficção científica ou exclusividade de carros de luxo, hoje já é realidade nas motos, tornando-as não

Fig. 1. As novas tecnologias vieram para trazer segu-
rança e facilitar a vida do piloto (imagem: IA)
apenas mais rápidas e modernas, mas, acima de tudo, muito mais seguras. De uns anos para cá, a tecnologia de ponta invadiu de vez o mundo das duas rodas, e a busca pelo progresso tecnológico é uma meta constante da indústria motociclística. Vamos mergulhar nessas inovações, desde as máquinas de média cilindrada até as superesportivas e touring de luxo!superesportiva Suzuki GSX-R 1000, que oferecia três mapas de gerenciamento do motor. Hoje, sistemas como os da Ducati Diavel e Multistrada não só alteram a entrega de potência e a resposta do acelerador, mas também a configuração dos freios ABS e do controle de tração. Essa tecnologia, que também existe em carros como o Fiat Punto T-Jet e a Audi RS4 Avant, permite adaptar a moto a diferentes condições de pilotagem ou preferências do piloto.

Suzuki "L7": a novidade do acelerador
sem cabo surgiu nela, em 2017

Inicialmente, o controle de tração era uma função secundária do ABS, usando os mesmos sensores para detectar derrapagens. A BMW foi pioneira com a R 1200R em 2005, chamando-o de controle automático de estabilidade. Atualmente, existem sistemas mais modernos, focados no desempenho em curvas, como os da Yamaha YZF R1, que permitem escolher o nível de atuação, ou o da Kawasaki Versys 1000, com três modos para diferentes pisos.

A Revolução Começou por Dentro: Injeção Eletrônica e Aceleradores Eletrônicos 

Pode parecer incrível, mas no início dos anos 2000, a injeção eletrônica de combustível ainda era rara nas motos. Felizmente, esse cenário mudou, e essa tecnologia pavimentou o caminho para muitas outras inovações. Em conjunto com os aceleradores eletrônicos (ride-by-wire), a injeção eletrônica permitiu um gerenciamento muito mais preciso do motor e da resposta do acelerador.

Fig. 3 - A Ducatti Multistrada 1200 usa o ride-by-wire.

Domando a Potência: Modos de Pilotagem 

Com a injeção eletrônica e o ride-by-wire, surgiram os modos de pilotagem. Uma das primeiras a adotar essa tecnologia para controlar a imensa potência foi a Suzuki GSX-R 1000.

Fig. 4. O esquema do CT em uma
esportiva, por exemplo.
Imagem: eritonmotos.wordpress.com
Segurança em Primeiro Lugar: Controle de Tração e Freios ABS

Os controles de tração surgiram primeiro nos carros, mas hoje são essenciais nas motos. Seu principal objetivo é evitar a derrapagem da roda traseira, seja em pisos escorregadios ou quando o piloto exagera na aceleração em curvas.

Os freios ABS (anti-travamento) são outra peça-chave na segurança, impedindo que as rodas travem em frenagens bruscas e mantendo o controle do veículo. A BMW K1 foi a primeira moto a ter ABS em 1988. Hoje, grande parte das motocicletas de grande porte, e até mesmo modelos de 250cc e 300cc como a Honda CB300R e Yamaha Fazer 250, oferecem o sistema. O sistema ABS evoluiu, com versões para uso esportivo (Honda CBR 1000RR) e até para estradas de terra (BMW R 1200GS). A Honda também introduziu o CBS (Combi Brake System), que distribui a frenagem entre as duas rodas, aumentando a estabilidade e segurança. Mais recentemente, o ABS em curvas tem sido implementado, uma evolução que ajuda a manter a estabilidade da moto durante frenagens inclinadas, adaptando a força de frenagem em cada roda para evitar travamentos e derrapagens.

Fig. 5. A beleza da CB1000RR é comparada à carga de tecnologia que leva.


Fig. 6. "Idling Stop", na PCX 150.
Eficiência e Conforto na Cidade: A função Start/Stop, ou Idling Stop como a Honda chama, é um recurso que desliga o motor em paradas mais longas (acima de 3 segundos), religando-o instantaneamente ao acelerar. Embora comum em carros importados para economia de combustível e redução de poluentes, nas motos ainda é raro, mas modelos como a scooter Honda PCX 150, SH 150i e ADV já contam com ela, prometendo até 50 km/l no exterior e contribuindo significativamente para a redução de emissões.

Fig. 7. Câmbio DCT, da Honda

Outra inovação que veio dos carros é o câmbio de dupla embreagem (DCT). Atualmente, a Honda é a principal usuária em motos, como na scooter X-ADV 750. O DCT possui duas embreagens que operam alternadamente, uma para marchas ímpares e outra para pares, resultando em trocas de marcha quase imperceptíveis e extremamente rápidas.

Pilotagem Otimizada: Suspensão Dinâmica e Controle de Estabilidade 

A tecnologia também chegou às suspensões! A BMW foi pioneira com o ESA (Eletronic Suspension Adjustment) e, mais tarde, com o Dynamic Damping Control (DDC) em 2012. O DDC, presente em motos como a S 1000 RR HP4 e a nova R 1200GS, usa sensores para verificar as condições do pavimento, ajustando as suspensões em tempo real. A Ducati Multistrada 1200S tem um sistema similar, o Skyhook. Essas suspensões eletrônicas se ajustam automaticamente ao terreno ou estilo de pilotagem, melhorando conforto e estabilidade em qualquer situação.
Fig. 8. Esquema do DDC, da R1200 GS


Fig. 9. A Multistrada usa o seu Shyhook


A mais recente novidade vinda dos carros para as motos é o controle de estabilidade (MSC - Motorcycle Stability Control). A KTM 1190 Adventure de 2014 foi uma das primeiras a incorporá-lo. Baseado no ABS da Bosch, o MSC aprimora o funcionamento dos freios ABS, controle de tração e freios combinados para atuar em conjunto, inclusive com a moto inclinada em curvas. Sensores medem a velocidade de giro das rodas e, crucialmente, o ângulo de inclinação (lean angle) e de rotação (pitch angle) da moto, garantindo uma frenagem mais eficaz e segura nessa situação crítica.

Fig. 10. KTM 1190 Adventure 2014 - A pioneira do MSC = estbilidade.


Conforto, Conveniência e Futuro: Airbag, Centrais Multimídia e Sistemas de Assistência Avançada Pode acreditar, até airbag já existe em motos! Embora ainda seja raro, a luxuosa Honda Gold Wing conta com o sistema desde 2007. Uma central eletrônica analisa dados de desaceleração, e a bolsa inflável é acionada em apenas 0,15 segundo em colisões frontais, protegendo o piloto.

Fig. 11. Parece sacanagem, mas é real: a Goldwing, da Honda, vem equipada com air-bag. Foto: motomais.motosport

Fig. 12. Será que protege, mesmo? Testes disseram que sim.


Fig. 13. Painel TFT da Triumph 1200
No quesito conectividade, os painéis das motos ganharam telas de TFT (Thin Film Transistor), semelhantes às dos smartphones. Desde modelos menores como a Honda CB 250F Twister até bigtrails modernas como a Triumph Tiger 1200, a tecnologia está presente. A evolução continua, com painéis personalizáveis, telas touch e a capacidade de espelhar o smartphone, funcionando como verdadeiras centrais multimídia. A nova geração da Honda Gold Wing foi a primeira moto do mundo a incorporar o Apple CarPlay, permitindo controlar funções do iPhone diretamente pelos comandos da moto, com som potente e chamadas via intercomunicador no capacete. Outras motos de luxo, como Harley-Davidson e BMW, permitem conexão Bluetooth para mensagens e música. Para a segurança do piloto, a Honda inclusive bloqueia a função touch screen enquanto a moto está em movimento, e oferece o Smartphone Voice Control System (HSVCS) para controlar chamadas e mensagens por comando de voz, mantendo as mãos no guidão e os olhos na estrada.

Fig. 14. A Ducatti, com seu ACC, mais uma vez
mostra que está rodando junto com a tecnologia
O futuro já está chegando com o Controle Adaptativo de Velocidade (ACC) e outros Sistemas Avançados de Assistência ao Piloto (ARAS). A Ducati anunciou que introduziria radares e ACC até 2020, semelhante aos carros de luxo como o Mercedes Classe A. Nas motos, o sistema deve principalmente alertar o motociclista sobre o risco de colisão com outros veículos, sem interferir ativamente na pilotagem. O ARAS inclui radares traseiros que identificam veículos no "ponto cego" ou se aproximando em alta velocidade por trás, e um radar frontal que gerencia o ACC, mantendo uma distância definida do veículo à frente e alertando sobre riscos de colisão por distração. Há também sistemas de auxílio ao motorista, com alertas de ponto cego e frenagem automática de emergência em algumas motos touring e adventure. A Honda está testando um novo sistema de piloto automático que promete antecipar e evitar acidentes antes mesmo que o piloto perceba o risco. Além disso, o piloto automático já está presente em algumas motos, como as premium, onde pode ser ativado a partir de 35 km/h, permitindo manter a velocidade sem usar o acelerador.

Além do Asfalto e Outras Maravilhas: A tecnologia de ponta chegou também aos pneus, com compostos mais avançados que oferecem maior aderência em diversas superfícies. Inspiradas nas motos de corrida, projetos já incluem elementos aerodinâmicos ativos, como asas e defletores, que se ajustam à velocidade para aumentar a estabilidade e melhorar a aderência. E para o futuro, projetos como o Safe Swarm™ e o Smartphone as a Brain™ da Honda visam conectar veículos a outros veículos e à infraestrutura em tempo real, alertando, por exemplo, um carro sobre a aproximação de uma moto em um cruzamento, mesmo sem visibilidade direta. Até a capacidade da moto de se equilibrar sozinha em baixas velocidades ou parada já é uma realidade em testes, como o Honda Riding Assist, útil no tráfego intenso.

A Tecnologia Ajuda, Mas a Peça Fundamental é Você! É inegável que toda essa tecnologia embarcada nas motocicletas modernas é um avanço espetacular para a segurança, eficiência e prazer de pilotar. No entanto, é crucial lembrar que, por mais sofisticadas que as motos sejam, a "pecinha" fundamental no guidão é quem a comanda. Muitas vezes, motociclistas abusam da velocidade e subestimam os riscos, contando demais com a tecnologia para evitar acidentes. A velocidade incompatível com as vias e a falta de sensibilidade ou habilidade podem anular os benefícios desses sistemas.

Acidentes não são causados pelas motos, mas por nós, humanos. Por isso, o uso consciente e prudente de toda essa tecnologia é essencial. Saber que a moto a 160 km/h pode parecer estar a 100 km/h em um modelo confortável e silencioso é um alerta importante. Fazer uma frenagem de emergência a 120 km/h exige percorrer 33,3 metros em um segundo apenas para reagir, sem contar a distância de parada. O ABS ajuda, mas não faz milagres se não houver espaço suficiente para atuar.

A tecnologia está aí para nos auxiliar, para melhorar a experiência e a segurança, mas a responsabilidade e a prudência do piloto são insubstituíveis. Vamos desacelerar nosso dia a dia e aproveitar a estrada com inteligência e segurança!

Motoabraço!

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