Minha MOTO ficou SUBMERSA no ALAGAMENTO. E agora?

 Minha MOTO ficou SUBMERSA no ALAGAMENTO. E agora?


Saudações motors!! 


Infelizmente, sabemos que enchentes são ocorrências frequentes em diversas cidades do país e que podem trazer não só transtornos como também se transformar em uma tragédia. Mas, não é sobre a tragédia em si que quero falar aqui, mas sim, das consequências para quem teve seu veículo - no caso dessa matéria, principalmente, motos - literalmente afogado no alagamento. O que acontece a um veículo após um alagamento? O que é danificado na moto? Ela voltará a rodar? Vale a pena consertar? É o que vamos ver nesse artigo.



Nunca tente dar partida!

A primeira grande recomendação dos mecânicos é: NUNCA TENTE DAR PARTIDA após a moto passar por um alagamento! 

Saiba que todos os componentes, especialmente, os eletrônicos e os de metal, externa e principalmente internamente, foram comprometidos não só pela água, como também pela sujeira, e qualquer solavanco que o motor tiver, as peças estarão altamente comprometidas.

Lave, mas não ligue, e leve ao mecânico!

Quer dar ao menos uma lavadinha nela pra tirar o excesso? Ótimo, até bom que você mesmo já poderá observar os sinais dos danos externos. Não precisa, claro, ser aquela lavada que você daria para sair num fim de semana, mas pelo menos, tirar o "grosso" da lama, é até bom. Mesmo lavadinha, não experimente dar a partida na moto!

Transporte sua moto até seu mecânico/oficina de confiança em um reboque apropriado, claro, para que não tenha danos maiores. De uma coisa você pode estar tremendamente certo: não é nada simples recuperar um veiculo de enchente, seja ele de quatro, duas, ou mais rodas. E você vai entender porquê. Ah, só mais uma coisa: a não ser que você entenda muito bem de mecânica, não tente fazer isso em casa e por conta própria. 

Como ficam os componentes elétricos?

Como um dos mais afetados pela água e pela sujeira, está todo o sistema elétrico, desde a bateria até o chicote, dos conectores aos seletores no guidão, e se a moto for equipada com alta tecnologia, painéis TFT, sensores, enfim, tudo o que envolve fios, resistores, capacitores, processadores e o que mais houver em placas de circuitos eletrônicos, sinto muito em dizer, já era.

Veja alguns dos problemas mas sérios:

1. Calço hidráulico. Quando o nível da água fica acima da entrada do filtro de ar e entra pela
câmara de combustão, isso pode "apagar" o motor. Tentar dar partida novamente, pode comprimir a água, forçando biela, pistão e outras partes móveis do motor. Se a moto "morrer" devido a excesso de água, o melhor é empurrá-la até um lugar seguro e esperar por socorro.

2. Água no escapamento. Além da entrada para o filtro de ar, a água pode entrar para o motor também pelo escapamento. Se a moto ficar debaixo d'água, é mais do que certo disso ter acontecido. E, meu amigo, tudo quanto é local "aberto" dentro do cilindro, inclusive o que tiver de espaço ainda no cárter (reservatório) do óleo, encherá de água. E, lembre-se, não é somente água: tem também muita sujeira trazida por ela. Há lama dentro do motor da moto, portanto, jamais tente ligá-la, muito menos, no tranco, caso ache que o problema está "só" na bateria. Mesmo que a água não tenha sido tanta, a ponto de cobrir o motor, mas só o escapamento, há o risco de oxidar e danificar o catalisador, causando maiores prejuízos.



3. Curto-circuito. O sistema elétrico da moto é uma das partes mais sensíveis e não convive muito bem com a água. É claro que não estou falando daquela água que você usa para lavar sua moto no final de semana, ou da chuva que a gente costuma pegar, mas água mesmo! Água de enchente, que engole tudo que tem pela frente. Durante enchentes, os circuitos podem ser fechados pela água, causando curtos e danificando módulos e componentes eletrônicos, especialmente, nestas motos modernas. Quanto mais tempo debaixo d'água, pior para a moto de modo geral. 



O fato é que, ninguém pensa em desligar os polos da bateria quando para a moto ao chegar em casa ou no trabalho. Aliás, isso seria inviável. Portanto, a partir do momento em que ela está com seus polos ligados, certos componentes que dependem dela, como o reloginho do seu painel e outros componentes eletrônicos e tecnológicos, estão fazendo uso dela. No entanto, não é conveniente desligar a bateria. Sendo assim, onde estiver passando eletricidade será o primeiro lugar a ser corroído. O zinabre, efeito de coloração azul-esverdeada, é muito comum devido aos componentes de cobre. Solução? Trocar tudo. Pelo menos, a parte afetada.



4. CDI (Ignição por Descarga Capacitiva). Nas motos carburadas, o CDI pode ser afetado pela água. É um componente crítico para a ignição do motor, e sua falha pode resultar em problemas de partida e desempenho. Devido ao material do CDI, bem como sua parte eletrônica, após algumas horas ou, pior, dias debaixo d'água ele estará tomado pelo zinabre e, com certeza, invalidado. É só outro.



5 - Freios e câmbio. Em casos complexos como os de uma enchente, o sistema de freios de uma moto podem ficar severamente comprometidos. As pastilhas de freio podem absorver muita água e, a partir de então, não serem mais eficazes nas frenagens. O fluido de freio é higroscópico, o que significa que ele absorve umidade ao longo do tempo. Se a moto ficar submersa, o fluido pode ser contaminado com água, o que prejudica não só as frenagens, como também os componentes internos da pinça, devido a oxidação e partículas de sujeira. Se, porventura, venha ainda a utilizar a moto e não fizer uma manutenção decente no sistema de freios, poderá comprometer o disco, uma vez que a sujeira restante vai, aos poucos, riscando e danificando o disco de freio.



O câmbio também fica comprometido, claro, uma vez que a parte, digamos, funcional dele fica dentro da carcaça do motor. Algumas motocicletas possuem reservatório para o óleo do câmbio separado, mas a maioria dos modelos usa o mesmo óleo do motor, portanto, é interessante observar que, em um grande alagamento, tanto as de cárteres separados, quando e cárter único, serão severamente afetadas pela água, já que, inevitavelmente, ela entrará no motor. O mecânico terá que desmontar e limpar tudo, até tirar toda a água excedente e secar o máximo o interior do motor. 



Quanto às demais peças, como eixos, engrenagens, rolamentos e outros devem ser limpos e examinados para ver se não sofreram desgastes.

6 . Tanque de combustível. Se a água atingiu o bocal do tanque, com certeza será
necessário fazer uma limpeza extrema no tanque. Isso porque a água facilmente entra pelo respiro do tanque e, aí, em dúvida contaminará seu interior. 

7. Rolamentos das rodas. Tem coisas que a gente não costuma dar muita atenção, somente quando a moto trava do nada e, vamos ver, é um dos rolamentos, não é? Pois é, em caso de alagamento, não pense em reutilizar os rolamentos. Melhor não. Mesmo que passem por um processo de limpeza extrema, pode acontecer de terem sobrado partículas, ou que elas já tenham danificado algumas esferas e comprometer a rodagem.

Esses são apenas alguns dos problemas que podem comprometer sua moto - e por que não dizer, seu carro - quando eles são colocados à prova de um grande alagamento. E, então, o que fazer?

Compensa arrumar?

Essa, sem dúvida, é uma pergunta que perturba muito a mente do proprietário que teve sua moto engolida por água. E a resposta é: depende. Depende de um monte de fatores, como:

1. Valor venal da moto x Valor do conserto. Não fica nada barato, e isso é fato. A troca de vários componentes, além da mão-de-obra, pode ultrapassar até o valor venal de sua moto,
na situação em que ela se encontra. E, só do comprador sonhar que ela tenha passado por um alagamento, seu valor já diminui violentamente, mesmo estando arrumadinha. Às vezes, é melhor vendê-la ao ferro velho do que tentar outra alternativa. Claro, se você a colocou no seguro, não tem muito com o que se preocupar.

2. Valor sentimental. Bom, isso não se discute, afinal, é moto de família, ou ela tem uma história que nenhuma outra moto deu etc. Se a pessoa achar que vale a pena restaurá-la, nem que seja para deixá-la na sala de casa para trazer de volta os bons momentos, que mal há em Mauá, certo? 

3. Nível de estrago. Se você teve sorte e sua moto não foi tão afetada nas partes mais comprometedoras, pode ser que compense recuperá-la. Nem sempre tudo está perdido. Se a água não entrou nos sistemas todos e/ou foi possível fazer toda a limpeza de forma eficaz, não há o porquê de não consertar a motoca e continuar sendo feliz com ela, concorda?

De qualquer forma, não tente bancar o entendedor, ou por causa de alguns reais a mais, não levando a um mecânico especializado - não vá a qualquer aventureiro também, não. Sua moto é um bem precioso e merece sua atenção. 

E não é só nas enchentes...

Sinto muito, amigos, mas não é só nas enchentes que estamos sujeitos a praticamente perder nossas motocicletas, não. O recado vai principalmente aqueles que, durante chuvas

fortes, se aventuram ao desafiar as enxurradas. Além de trazer muito entulho e objetos cortantes, as enxurradas enganam muito, sendo que algumas derrubam facilmente a moto e o piloto. Se não conseguir, poderá fazer alguma bagunça na pinça de freio, arranhar o disco, entrar água pelo escapamento e, se for mais alta, até entrar pelos suspiros que há na moto. Se deixar ela apagar contra uma enxurrada, pior ainda. Quer um conselho? Não enfrente enxurradas. Pare sua moto, tenha paciência, que a chuva vai passar. 

Então, é isso, meus motoamigos e motoamigas. Qualquer sugestão será bem-vinda nos comentários. 

Motoabraço e até a próxima.






Fontes:

https://mobilidade.estadao.com.br/mobilidade-com-seguranca/cinco-razoes-para-nao-atravessar-uma-enchente-de-moto/

http://www.canalrevistamotoescola.com/2019/04/motos-e-enchente-nao-combinam.html

https://oficinabrasil.com.br/noticia/motos-e-servicos/cambio-de-motocicleta-nao-e-um-bicho-de-sete-cabecas-parte-1

https://www.youtube.com/watch?v=13_WKZK6n10&list=LL&index=4

https://www.sistemampa.com.br/noticias/moto-5-dicas-para-nunca-atravessar-uma-enchente/








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