ROUBO DE MOTOS: PORQUE A CG 160 TITAN ESTÁ NO TOPO DA LISTA

 Roubo de motos é um dos maiores problemas que enfrentamos hoje no Brasil. Pra piorar, às vezes são seguidos de violência e morte. Mas, por que a Honda CG Titan 160 encabeça a lista?

Antes de termos essa resposta, vamos aos dados e aos fatos.

De acordo com a Fenabrave, a CG Titan 160 é o modelo mais vendido do país, seguindo o número de emplacamentos, desde que ela foi lançada. Na verdade, a CG 160 continuou seguindo os passos de suas irmãs mais velhas, a CG 150 e a 125.

CG Titan 160, a campeã de roubos no Brasil

Com razão, já que essas motocicletas, além de populares, são as maiores guerreiras quando se fala em "ferramenta de trabalho". Sua presença nas ruas aumentou mais ainda com a pandemia do Covid-19, desde o ano passado (2020).

Em conversa informal com Alan Davi dos Santos, gerente de uma loja de motos na capital de Goiás, ele informou que a procura por tal cilindrada "aumentou bastante com a informalidade de trabalhos, como é o caso dos entregadores por aplicativos". De fato, mas essa informalidade nos empregos vem antes mesmo da Covid-19, dado ao número crescente de desemprego que o país vem enfrentando há alguns anos seguidos.

Aí, vem a máxima: quanto maior a quantidade de alguma coisa, maiores as chances de algo ocorrer com ela.

Sendo assim, a procura por peças e acessórios para estas motocicletas também tem aumentado, e é aí que mora o problema. Peças originais são originais, não se discute, porém, e isso não é uma desculpa, os preços de peças de motocicletas são normalmente baseados no dólar, e não são tão baratos para grande parte dos proprietários. Entrar numa concessionária para comprar uma peça original não é para qualquer um. Então, esses procuram por alternativas mais em conta.

Essa imagem, capturada pela própria vítima, ocorreu em São Paulo, contudo, 
neste caso, a vítima teve sorte, pois um policial a paisana que estava próximo 
acabou acertando o ladrão. Mas, a polícia nem sempre está por perto.

Entre essas alternativas, estão desde lojas de peças a sucatões. As lojas e oficinais mais sérias, como precisam prestar contas à Secretaria da Fazenda, preferem lidar com peças não originais e, quando não há outro jeito, acabam por comprar a peça de algum distribuidor autorizado e, às vezes, até mesmo da própria concessionária, sob o conhecimento do proprietário. Se ele concordar, tudo bem. Se não, infelizmente, ele irá recorrer a outros locais para comprar tal peça.

Sem generalizar, há locais, digamos, "suspeitos", onde o proprietário da moto irá encontrar a peça desejada, e ainda nova ou em ótimo estado de uso, pela metade do preço ou ainda mais barata.

O pior é que o proprietário tem até ciência de onde está comprando essa peça, mas, "não tem outro jeito, né?". Então, sem mesmo pedir nota fiscal ou querer saber da procedência daquela peça, a compra sem pensar duas vezes.


Quando não encontra a peça num local físico, é comum também recorrer ao e-commerce, como é o caso de sites como Mercado Livre e até mesmo da China, como o Wish ou o Aliexpress, entre outros, a fim de comprar mais barato. Sobre isso, não há como culpar tais sites, que nem sempre têm o controle da origem do que vendem. São apenas plataformas de negócios feitos por diferentes empresas ou pessoas físicas.

Voltando ao roubo, em si, fica fácil saber o porquê da CG Titan 160 ser a maior vítima - na verdade, a vítima é seu proprietário - desse tipo de ocorrência. Os ladrões geralmente fazem parte de um grande esquema, que envolve não só eles, como também revendedores de peças para motos. Como a moto roubada é literalmente desmontada, suas partes acabam sendo espalhadas por diversos locais (em sua cidade, mesmo) onde elas são vendidas sem notas e em completa informalidade.


Motociclistas entregadores por aplicativos se tornaram as maiores vítimas
dos ladrões, especialmente, com o aumento dos pedidos com a pandemia.

Assim, o comprador acaba, de certa forma, alimentando um comércio que não é o que desejamos, afinal, a qualquer instante também podemos ser vítimas desse tipo de crime. Numa situação hipotética, o mesmo motociclista que acabou de comprar uma peça nessas condições - ou seja, não dando a mínima para sua origem, mas sim para o preço ínfimo que pagou - pode ser a vítima de amanhã.

É onde nós, proprietários de motocicletas, devemos também ser um pouco fiscais. Havendo qualquer suspeita de que determinada revenda está vendendo uma peça de origem duvidosa, entrar em contato imediatamente com as autoridades. A questão é ter consciência do que fazemos, para no fim não sermos as próximas vítimas. 

A CG Titan 160 foi usada como modelo nesta postagem por ser a mais vendida, porém, não é só com ela que devemos nos preocupar, mas sim, com qualquer modelo de motocicleta. Afinal, é "muito fácil" alguém chegar até você e lhe tomar um dos bens mais preciosos que você possui, materialmente, quando não ocorre o pior.

Seja e esteja consciente. Antes de comprar uma peça para sua moto, procure saber da procedência desta peça. Ajude seu colega motociclista e se ajude também, meu amigo. O Brasil já é mal visto lá fora e não é para menos. Vamos mudar isso. Sejamos nós o início da mudança que queremos para este país.

Motoabraço!

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